Camila Fernandes é um dos destaques como ilustradora no Brasil e também se destaca no mundo das letras

Camila Fernandes2A ilustradora e autora Camila Fernandes também é tradutora, preparadora e revisora de textos. Atualmente trabalha mais com texto do que com imagem, mas sempre é lembrada pelo fãs de Nazarethe Fonseca como o talento que deu rostos aos amados protagonistas da série vampiresca ‘Alma e Sangue’, Kara e Kmam.

Como escritora, escreve quando encontra uma brecha em sua agenda apertada, que geralmente está sobrecarregada de trabalhos em tradução (inglês-português), preparação e revisão de textos.

A autora falou que gosta muito do que faz já que pode passar o dia todo lendo, com chance de encontrar histórias com grande diversidade de temas e ajudar aos novos autores a lapidar seus textos. Como freelancer, trabalha em casa e seus clientes vão de autores independentes a editoras. Como ilustradora, no momento, não tem feito muita coisa, ilustrando apenas quando aparece algum projeto muito atraente (e quando há brecha na agenda). Porém fez questão de ilustrar o próprio livro, uma coletânea de contos chamada ‘Reino das Névoas – contos de fadas para adultos’. Revelando que pretende ilustrar seus os próximos livros.

Como contista também participa da coletânea ‘A Fantástica Literatura Queer’ da Tarja Editorial, participação na qual fala em entrevista exclusiva para o Tabula Rasa.

TABULA RASA: Qual foi sua motivação para participar da coleção Tarja ‘A Fantástica Literatura Queer’?

CAMILA FERNANDES: Quis participar porque é um tema que me interessa pessoalmente. Acho importante trazer algo da nossa realidade para dentro da literatura fantástica, ainda mais um assunto que ainda é tão controverso quanto a diversidade sexual. Esse tema merece ganhar cada vez mais visibilidade, até que não seja preciso classificar uma obra como “queer” ou “não queer”.

TABULA RASA: Em seu(s) conto(s) como trabalha a criação dos personagens. É ilustradora, chega a rabiscar suas características em forma de desenho, ou a ideia fica restrita as letras?

CAMILA FERNANDES: Normalmente meus personagens surgem para mim com aparência externa já definida. É esquisito dizer isso, mas é verdade. *risos* Nem sempre tomo decisões conscientes quanto a isso, o personagem vem à minha mente como ele quer, como se fosse alguém que já existe. Atualmente eu tento manter o controle da aparência deles tanto quanto o do resto da sua caracterização, personalidade, contexto etc., e mudo o que for necessário no decorrer do desenvolvimento. É preciso que o escritor se desafie um pouco para não criar sempre o mesmo tipo de personagem. Quase não tenho tempo para desenhá-los, mas, quando tenho, é algo que gosto de fazer. Passei a maior parte da minha adolescência desenhando meus personagens, tenho páginas e páginas preenchidas com eles.

 TABULA RASA: No que diz respeito aos personagens para a ‘A Fantástica Literatura Queer’, pensou apenas para participar da seleção, ou teve outra motivação para criá-los?

CAMILA FERNANDES: O conto que publiquei no volume I da ‘A Fantástica Literatura Queer’ é anterior à própria coletânea, então, não foi escrito para participar dela. Acho que o escrevi em 2007. Quis contar a história irônica de duas pessoas que se apaixonavam mais por aquilo que sentiam que eram quando estavam juntas do que uma pela outra. Não queria que nenhuma das duas fosse um estereótipo de gênero, não queria que o comportamento de nenhuma delas fosse atribuído ao fato de ser homem ou mulher. Então, decidi que seriam duas garotas e que o grande “problema” delas seria o fato de que suas famílias não aceitavam o relacionamento.

 TABULA RASA: Alguns de seus leitores já comentaram sobre o diferencial de sua história? Positivamente ou negativamente? O que pensa a respeito da opinião deles?

CAMILA FERNANDES: A recepção do conto tem sido muito positiva. Apesar de ser uma história de literatura fantástica (isto é, tem um ou mais elementos considerados fantasiosos), muita gente me diz que o mais legal do conto é justamente o fato de o problema – e a “solução” que as moças encontram para ele – ser tão real. Ele é trágico, e a vida às vezes é trágica. Especialmente a das pessoas que sofrem preconceito dentro da própria casa. Fico muito feliz que os leitores consigam identificar esse realismo no meu conto.

Camila Fernandes1 TABULA RASA: Pensa em escrever ou já possui outras histórias ambientadas no mesmo universo criado para a ‘A Fantástica Literatura Queer’? Algum outro trabalho na linha Queer?

CAMILA FERNANDES: Não necessariamente no mesmo universo, pois não criei um universo fantástico para a história. Ela se passa no mundo real. Mas, sim, pretendo escrever mais contos nessa linha. Meu novo livro (um romance) terá alguns elementos destinados justamente a questionar papéis de gênero e orientação sexual, embora não seja exatamente “sobre” isso.

TABULA RASA: Quanto a novos projetos, tem em vista algo para esse ano? Pretende continuar a escrever histórias na mesma linha da ‘A Fantástica Literatura Queer’?

CAMILA FERNANDES: Sim. No momento, estou trabalhando em dois projetos: o romance que citei na resposta anterior, que seguirá o estilo de meu livro ‘Reino das Névoas – contos de fadas para adultos’, e um romance em parceria com um grande amigo. Sobre este ainda não posso revelar nada.

TABULA RASA: Qual tipo de livros costuma ler? Indicaria algum aos leitores? Algum de conteúdo Queer?

CAMILA FERNANDES: Leio um pouco de quase tudo, até por conta do meu trabalho. Assim, livros de uma infinidade de gêneros vêm parar nas minhas mãos. Mas normalmente o tipo de obra que escolho ler é de ficção história ou fantasia em geral (incluindo realismo fantástico). Vou indicar as coisas mais legais que li nos últimos anos sem me concentrar na temática: “Fábulas do Tempo e da Eternidade”, de Cristina Lasaitis; “Cira e o Velho”, de Walter Tierno; “As Crônicas de Artur”, de Bernard Cornwell; “Baudolino”, de Umberto Eco; “Trilogia Millenium”, de Stig Larson (estes livros, em um momento ou outro, mostram conteúdo queer, já que a personagem Lisbeth Salander, tem uma sexualidade fluida); “A Song of Ice and Fire”, de George R. R. Martin (meio óbvio, né?).



Categorias:Anny Lucard, Últimas Notícias, Entrevistas, Literatura, Livros

Tags:, , , , ,

Deixe um comentário